Sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
O Fórum Nacional de Educação (FNE) assinou, nesta quinta-feira (04), o "Pacto da Educação brasileira contra o Zika". O FNE se compromete, a lado de outras 20 entidades da educação do país, a se mobilizar e realizar ações com a finalidade de combater o mosquito Aedes Eegypti que é transmissor da dengue, febre chikungunya e do Zika Virus. A iniciativa coordenada pelo Ministério de Educação (MEC) foi oficializada em encontro no auditório do Ministério das Relações Exteriores - Palácio do Itamaraty, em Brasília. Das entidades da educação brasileira que firmaram o acordo, 12 integram o FNE. São elas: Abruc, Abmes, Abrum, Andifes, Anec, Conif, Consed, FNCE, Undime, UNE, Ubes e Uncme.
De acordo com o Ministério da Saúde, quando gestantes são infectadas pelo vírus da Zika, há a possibilidade de gerarem crianças com microcefalia. Na última terça-feira, esse Ministério divulgou que, desde o início das investigações, em 22 de outubro do ano passado, 404 casos tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central, dos quais 17 tem relação com o vírus Zika. O órgão de governo afirma ainda que ao lado dos estados analisa 3.670 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. Os já confirmados foram registrados em 156 municípios de nove estados brasileiros. O com maior incidência é Pernambuco, com 153 constatações.
O membro do Fórum Nacional de Educação, José Carlos Aguilera (Abruc) destacou que a realidade apresentada ao Brasil, hoje, é chamativa e imperativa no sentido de combater o vírus que tem alcançado a população como um todo. Para ele, é necessário que o FNE, nos pelo menos nos próximos três anos, intervenha como mobilizador junto a brasileiros e brasileiras, dado a sua presença em vários meios sociais. "A participação do Fórum Nacional de Educação com as mais de 50 instituições membros espalhadas em todo o país reforçará a atuação em campanhas e em uma causa permanente".
Segundo Aguilera, esta ação de combate ao mosquito não é uma causa de governo. "É uma causa de nação. Por isso, o FNE marca sua presença, mobiliza e convoca todas as suas entidades membros e, claro, toda a população por meio dos seus espaços populares, sociais, da educação infantil a educação superior, atores sociais, parceiros estratégicos na educação e em outras áreas de políticas públicas, para combatermos e vencermos o vírus Zika que tem trazido graves danos sociais as famílias brasileiras" ressalta Aguilera.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, na segunda-feira, Emergência de Saúde Pública de importância internacional (ESPII) por vírus Zika. Ela ainda afirma que há uma possível associação dele com a microcefalia e síndromes neurológicas. A decisão foi apresentada pelo Comitê de Emergência da OMS à presidente da organização, Margaret Chan, com base em informações técnicas repassadas pelo Brasil, França, Estados Unidos e El Salvador. Segundo a Organização, o continente americano deve ter entre três a quatro milhões de casos de Zika neste ano.
Durante a assinatura do "Pacto da Educação brasileira contra o Zika", o ministro da Educação, Aloízio Mercadante lembrou dessa decisão da OMS. Para ele, a assinatura deste Pacto foi um momento necessário de discussão da importância e urgência de uma ação conjunta de toda a educação brasileira para o combate ao mosquito. O ministro informa que não há, até o momento, vacina e tratamento adequado a este vírus. "A única resposta que nós temos é lutar incansavelmente para impedir que esse mosquito se reproduza. Que ele nasça". Segundo Mercadante, as escolas "são talvez a melhor resposta que a gente possa ter nesse momento para fazer esse combate, para criar essa consciência, para criar essa mobilização". Para ele, não há uma força social do tamanho da educação para fazer esta campanha. "Somos 60 milhões de pessoas na educação".
Mercadante destaca ainda que existem, no Brasil, mais de 200 mil salas de aula. De acordo com o ministro, estes são espaços com coletivos organizados, nos quais as informações podem circular. Neles, há forma de mobilizar um efetivo que, pode chegar a 150 milhões de brasileiros os quais possuem uma relação cotidiana direta com a escola, como pais, familiares, adolescentes e, servidores. A mensagem a ser transmitida, para o ministro da Educação é a de proteger as nossas grávidas e salvar as nossas crianças. "Nós precisamos fazer com que essa mensagem e as ações concretas cheguem a cada sala de aula. Cheguem ao coração de cada estudante, de cada pai, de cada mãe, de cada servidor".
Ações
A atuação ao combate do mosquito Aedes Aegypti, para o ministro da Educação tem que ser uma atitude efetiva. "Temos que nos preparar para dois, três, quatro anos de campanha, de consciência, de atitude permanente diante desta situação. É uma mobilização permanente de todos". Com a coordenação do Ministério da Educação, o Pacto firmado entre as entidades de educação deve atuar em semanas pedagógicas nas escolas da educação básica e em trotes universitários. A intenção é levar aos estudantes a reflexão da importância do combate ao mosquito. O Ministério ainda aponta a criação de uma página específica no domínio do MEC, além de ações em redes sociais e mídias como rádio e televisão.
Presidente da Uncme, Gilvânia Nascimento assinou o Pacto como representante do Fórum Nacional de Educação. Ela acredita que a participação tanto da UNCME como do FNE é extremamente importante. "A educação tem um papel transformador na vida das pessoas. Em um momento tão grave como este de enfrentamento de uma questão que atinge a saúde dos brasileiros, esse chamamento para que a população participe é fundamental". Ela inda ressalta que a força mobilizadora dos Fóruns e dos Conselhos de Educação podem fazer diferença. "Ter Fóruns e Conselhos aliados a outras instituições e atores sociais é extremamente importante. Este é o momento de fazer valer a nossa função mobilizadora em prol dos cidadãos brasileiros".
Para o secretário Executivo do Ministério da Saúde, Neilton Oliveira, a assinatura deste Pacto dá um exemplo de mobilização e solidariedade. Ele destaca que a Saúde traçou um Plano de Enfrentamento ao Zika que comporta três eixos. O da mobilização, da assistência aos atingidos pelas doenças transmitidas por este mosquito e de investimento em pesquisas tanto de inovações tecnológicas, como de soros e vacinas. Porém, assim como Mercadante, Neilton afirma que "não há nesse momento, nenhuma expectativa de se ter uma vacina para o Zika com um tempo menor de três a cinco anos". Para ele, o foco da ação é o combate ao mosquito. "A estratégia mais acertada, mais potente é impedir que ele nasça. É destruir os criadouros".
Neilton ainda ressalta que o Brasil tem um clima propicio para a proliferação do mosquito, por isso a ação tem que ser constante. Ele informa que o Ministério da Saúde definiu 115 municípios "onde o ataque precisa ser mais forte". São os locais em que o índice de incidência da dengue é de cerca de 3,7% . A expectativa, segundo ele, é que este número seja reduzido para menos de 1%. O que, apesar de não eliminar o transmissor desta doença, do Zika e da febre chikungunya, demonstraria controle da situação.
Fonte: FNE
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